PORQUE NÃO HÁ FOTOGRAFIAS CAPAZES DE ILUSTRAR O QUE SINTO POR TI



Gosto cada vez mais de ti.

 - Porquê?

Olha, sei lá...

Gosto de ti, Porto, quando me sento numa esplanada em Gaia a beber um Porto Tónico e te aprecio ao longe, como se contemplasse deleitada uma pintura.

És um quadro lindo, em movimento, para o qual não me canso de olhar.

A imagem das casas vividas da ribeira, piceladas a cores diferentes faz-me lembrar um postal ilustrado e eu não te resisto.

Cidade cheia de alma e personalidade. Inebrias-me!

Era capaz de passar um dia inteiro ali, a bebericar, a fingir que o que importa é o que tenho no copo, quando a verdade é que me seduziste com os teus encantos.

Prendes-me enquanto vejo as pessoas atravessar a pé a ponte D. Luís, já carregadas com presentes para a família.

Encanta-me o movimento dos barcos rabelo, que ao invés de pipas carregam turistas que se cumprimentam euforicamente, como se percorrer as pontes do Douro fosse um campeonato.

Entretém-me ver os casais que saem sorridentes e abraçados das visitas às caves do vinho do Porto, depois se terem entregue a dois ou três copitos.

E o sol a bater no rio e o rio a falar comigo. E as músicas do Rui Veloso a saírem-me boca fora. A fazerem sentido a cada olhar.

Apaixonada. Apaixonei-me por ti, Porto. Soube que estava apaixonada por este amor onde hei-de sempre regressar, a quem não me custa entregar, logo na primeira vez...

Gosto de ti Porto, mesmo depois das bolhas que me fizeste apanhar no pé esquerdo, por calcorrear as tuas vielas.  Avenida da Boavista fora até à Rua de Santa Catarina, mercado do Bolhão, passagem pelo Tivoli, onde tenho prometido um concerto já há uns anitos....

Quiseste que te visse de todas as perspectivas e ali estacionei, ofegante, no topo da torre dos clérigos, depois de subir para mais de duzentos degraus.

E sim, tens razão. É outra coisa. Dali vejo todo o reboliço, o corre corre para a livraria Lello, a algazarra dos mercados de rua, onde se expõe o talento de jovens artesãos e onde se dá novo brilho ao antigo, os jardins do palácio de cristal. As gaivotas pousadas nos telhados gastos das casas e o apaixonante Douro a brilhar....

Já nem vou falar do disparate gastronómico mais prazeroso que foi, depois daquele exercício físico nos clérigos, lançar-me a uma Francesinha.  Explosão de sabores. Sim é certo que se fica cheio até ao dia seguinte, mas será que isso é importante? Ai aquela molhanga é tão boa, Jesus....

E fizeste-me enfiar nos autocarros de sightseeing uma tarde inteira com medo de voltar a casa com muita coisa por ver.

E voltei-me a apaixonar por ti, e a fazer-te olhinhos na Foz. Que beleza!

Confesso que não dariamos bons amantes, porque o cansaço que senti no final do dia era tão grande que assim que me deitei no quarto do hotel, aterrei e dormi profundamente até à manhã do dia seguinte....

Ficamos então de nos conhecer à noite.

Ouvi dizer que me ofereces um copo de champagne, numa ótima champanheria, não é?


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