Agarrem-me que eu fujo!


Juro, juro que se me apanho com temperaturas um bocadito superiores às do dia de hoje, fujo do escritório...

Agarrem-me que eu fujo!

Então num dia tão bonito, uma pessoa consegue lá estar encerradita numa sala, a olhar apaixonadamente para um computador, como se não houvesse amanhã, sem uma janelinha para abrir ( porque nestes edifícios modernos, ar puro é coisa que não está a dar...chique mesmo é o sopro do ar condicionado)...

Os olhos começam a cerrar....o que estamos a fazer fica tão distante....

A ligação à terra parece cada vez mais difícil de estabelecer....

Mas quando?

Quando é que chegam os dias em que a preocupação vai ser "NÃO FAZER NADA"...

E manda-se um suspiro, faz-se um queixume ao colega do lado...

Enquanto esses dias não chegam, vou aproveitando os finais de tarde...vou chupando uns driques por essas esplanadas da vida, logo depois de sair do trabalho.

E só de me lembrar que há mundo lá fora....solta-se outro "AIIIII" que vem das entranhas.

Ai que só me apetece ganir, subir aos postes e apalpar o cú às lâmpadas ( já dizia o filósofo)....

Como não prevejo que este desejo seja passível de concretização, vou tentar meditar e acalmar os impulsos interiores que convidam à grande prevaricação veraneante ....

Ai que vontade de pôr um chinelo no pé...

Ai que maravilha que vai ser quando me abancar numa prainha a ver o mar e a comer um corneto de morango....

Melhor só mesmo um panaché com tremoços...

Acho que me embrulho tipo croquete, areia fora, e vou fazer a fritura à agua!!!!

E enquanto não posso circular por aí, só de biquini, porque a sociedade não o permite, deixo-vos aqui uns vestidinhos que me parecem bem decentes para os dias calientes que hão-de vir e em que vós, mulheres, tereis de trabalhar...




CHIARA FERRAGNI para a COSMOPOLITAN, por MAX ABADIAN


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