Profissão? Relações Públicas de praia


No caminho para a praia, cruzo-me com esta beleza....




Chego lá abaixo, depois de sair da zona das espreguiçadeiras, porque não posso montar alí o meu barraco e qual croquete, estatelo-me na areia.

Começa a ronda dos cremes. Protector para a cara, protector para o corpo, protector no cabelo, chapéu na cabeça. Só falta um protector para a unha grande do pé.

Os pregões começam a ouvir-se.

- Bonita, bonita!

Quem? Eu? Pura estratégia de marketing. Tanto dá para a mercadoria como para a compradora.

- Barato, barato!

De manhã ao fim da tarde, haja pernas para percorrer a praia e material para vender. Andam cobertos de Óculos Ray ban, relógios ( a venda de relógios na praia causa-me estranheza!), pulseiras, colares, chapéus YSL...

- Quanto são as pulseiras?
- Sete euros?
- É caro. Obrigada.
Compra Mariana, diz ele.
- Porque é que me chamas Mariana?
- Mariana, Maria, tudo igual!


A pulseira de sete euros acabou por sair a quatro.
Ele seguiu, contente, com a venda.



Passado uns dias já conseguia ser uma pequena montra do mercado de praia.

- Olha a bolinha fofinha! Olha a bola de berlim, olha a língua da sogra.
- Águinha, águinha fresquinha.

O Sr. Sérgio percorre a praia com duas geleiras aos ombros, todos os dias do Verão e trabalha à noite numa fábrica. Vende águas e refrigerantes. A mulher também vende na praia, bolas de berlim e línguas da sogra. Os dois personificam a simpatia. Andam sempre de sorriso rasgado nos lábios.

Enquanto a mulher faz duas praias, o Sr. Sérgio faz uma, porque é um falador nato e como esteve lá fora, adora pôr-se em dia.

Toca de experimentar a Língua da sogra....comprida!

Como com o avançar da hora o calor aperta, faço um esforço e vou beber um drink até ao bar, onde o Sr. Zé capricha.
Pinas coladas, daiquiris, mojitos. As perninhas até ficam mais leves.

O Sr. Zé dá sempre um mergulho antes de ir trabalhar e informa sobre a temperatura no mar.
Põe sempre música animada a tocar porque não está para dormir em serviço.

Ao som de salsa, continua a contar que é do Alentejo mas que não pode voltar para lá. Muito petisco, muito desporto a levantar e baixar a imperial. Ali é só pequeno almoço, almoço e jantar.
De Lisboa então, bastou-lhe o tempo da tropa.

- Isto aqui é bom para trabalhar.

Regresso à toalha e dois massagistas tailandeses, numa tenda, dão cabo do canastro de um inglês....


                              Praias desertas? Não obrigado!
                              Nestas há sempre tanto para contar.

Comentários

  1. és una verdadeeeeee....bonita praia, boa gente e muito calorrrrrr...:)

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  2. Bem ficaste com os braços cheios e enganaste o pobre do senhor:D

    **

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  3. Excelente texto...grande observadora! :))

    Só me apetece ir de férias numa qq praia...pode ser mm a de Carcavelos! lololol

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