Tem que sair à rua


A Dona Manuela, que mora lá para os Anjos, é uma pessoa prendada.

Mulher alta, de porte elegante, cabelos para o grisalho, diz a vizinhança que esteve para ser modelo.

Anda sempre composta, como se a qualquer momento estivesse prestes a ser chamada para uma reunião de direcção, numa grande empresa.

Parece que tem uma designer dentro dela. Tem um sentido estético impressionante e está sempre a arquitectar o que de novo e diferente pode fazer, para redecorar a casa, para dar um ar mais airoso a uma toilete.

Não há quadradinho de tecido que não transforme. Não há nada que não possa ser aproveitado, reutilizado ou transformado.

Numa das visitas que lhe fiz, descobri que tinha acabado de fazer uma manta maravilhosa para o Inverno, de patchwork, com restos de lãs.

Diz que vai passar os serões frios, que por aí espreitam, a ver televisão, com o marido, Manuel, tapadinha com a manta.

- Ó Dona Manuela, um trabalho tão lindo tem que sair à rua para ser mostrado....
   Dava um casacão, ou um poncho lindo!

- Olha que até podes ter razão. Ainda não tinha pensado no assunto.
   Mas filha, acho que ninguém o comprava.

- Deixe-me lá pô-lo à volta dos ombros.





 

  Que lindo!
  Faça-me qualquer coisa daqui, assim para o compridão, e diga-me quanto quer que lhe pague.

- Vou ver o que é que tenho para alí.....

- Obrigada. Passo cá para a semana, pode ser?

- Filha, para ti, as portas estão sempre abertas.



Comentários

  1. Fiz muitas rosetas idênticas a essas! Fazem trabalhos lindos. É só necessário saber conjugar as cores.

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  2. tão giro!

    http://amarmitalisboeta.blogspot.pt

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