Vai um fado?

Esquecer a crise. Ver gente. Necessidade imperiosa de Saturday night.

Sobe-se ao Chiado.  As lojas já estão a encerrar.

É impossível ficar indiferente aos batuques da música africana que aquece a noite, mesmo alí, em frente à Brasileira.

Batem-se palmas, dança-se.

Velhos e novos, altos e baixos, gordos e magros, ricos e pobres só querem uma coisa...apanhar o ritmo da cidade.

O Largo Camões, ponte de encontro, está a abarrotar.


Passar no verde do semáforo?

Está bem está. Siga, é a aviar! Os carros esperam.

Sobe-se mais um pouco e já no Bairro Alto, um homem engravatado, qual bancário ou moço dos seguros, à porta de um restaurante, pergunta:

- Querem ouvir fado?

- Não obrigada, hoje não.

A noite não pedia fado.



Duas raparigas, sentadas no chão, à porta de um bar, metem a escrita em dia, na companhia de duas garrafas de cerveja, sob o olhar terno de um cão.

Procuro aquele peculiar restaurante indiano, onde estive há dois anos atrás.

Pelo caminho, dois empregados de bar fumam o seu cigarrinho de intervalo, um casal de estrangeiros elegantes entra numa casa de fados, o empregado arregala os olhos porque se avizinha bom negócio, espreitam-se tabernas, ouvem-se piropos no ar.

As ruas são tão diferentes, mas parecem todas iguais.

Ziguezaguear e escolher caminhos por instinto começa a abrir o apetite.

Encontro um homem baixinho, indiano, que me convida a entrar no restaurante.

Agradeço-lhe e digo que procuro aquele outro restaurante indiano, que serve pizzas, na Rua do Diário de Notícias.

O homem fala-me em inglês. Respondo-lhe em americanó-português.

Sigo o homem baixo, que parece conhecer o local e imediatamente faz sinal a outro homem, lá ao cimo da rua.

Restaurante encontrado.

Entradas indianas, sumo indiano, pizza italianó-portuguesa e um reconfortante cheirinho a caril no ar.

Não era mesmo noite de fados. Era noite de fusão cultural.

Para baixo, todos os santos ajudam, até porque a perspectiva de um gelado no Santini faz quase tudo resultar.

A Rua do Carmo oferece-nos o som ambiente do saxofone, enquanto o George Clooney e as novas cápsulas Nespresso, mesmo ao lado, não deixam nada escapar.

É mesmo assim, a gente na cidade.

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