Anita na cozinha


- Posso ir para a rua brincar? - perguntava a Ana à tia Eduarda.

- Só depois de leres as páginas que te marquei.

- Ó tia, já está. Juro que já li.

- Já mesmo? Vamos lá ver isso....

Nas férias de verão era assim. Não havia gozo antes do trabalho e o trabalho, em férias, passava por ler um número prédefinido de páginas. Não havia volta a dar. Nem mas, nem meio mas.....

Ao princípio foi complicado, mas o bichinho da leitura ficou, desde esses tempos, cá entranhando.

A Ana contava-me com carinho, quando nos encontrámos para comer uma fatia de bolo de chocolate, no Kaffehaus, depois de termos passado pela Bertrand, para ver as novidades, que aquele foi um dos males necessários mais benéficos na sua vida e depois saiu-se com esta:

- Raios, mas porque é que a minha tia não me pôs a ouvir jazz ou umas músicas clássicas?  E porque é que não havia horas de costura ou de culinária? Por esta altura, estava-lhe ainda mais agradecida.


O famoso bolinho......
Pensar que eu, Maria Rita, era só mesmo vadiagem.

Contei-lhe alguns episódios de lutas femininas provocadas pelo jogo do elástico, dos campeonatos de jogo de berlinde e por aí fora.

- Arre, eras assim um bocadinho para o macho, não?
- Uma beca!

Por isso é que hoje, a Ana é um tanto ou quanto atirada para o intelectual e eu pareço uma eterna maria rapaz.

Jesus, nas férias, depois do almoço e até à hora do jantar era pura vadiagem! Ninguém me apanhava....

A nóia dos livros deu-me muitos anos depois. Da fase da infância/puberdade/primeiros pelitos a nascer não guardo quase livros, feliz ou infelizmente. Mas uns quantos da Anita, esses sim, faço questão de guardar lá por casa, porque eram os benjamins da minha mãe. Se sonha que não os tenho guardados ou que os dei a alguém ainda é capaz de me "chegar a roupa ao pelo", com esta idade.

Eram a coisinha mais "doce", as páginas do livro da Anita!




Comentários

  1. Oh Anita vai é fazer óó que amanhã lá te esperamos às 7 da manhã :P

    **

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