A Rapariga que dança.......



Lenço a pender na anca, cabelos suados, cintura ondulante.

Mãos, pernas, coxas coordenam-se.

Todo o corpo é movimento, alí, naquele cantinho, que lhe serve de palco, na calçada portuguesa.

Se os manequins da Benetton a fixam, inertes, quem sobe o Chiado contagia-se com tamanha euforia.

Quem entra e sai na estação de metro pára, mesmo que por poucos minutos, para a ver.

O estrangeiro corado que bebe um café ou sorve uma bebida fresca na esplanada da Brasileira segue cada movimento com o olhar.

Os putos curiosos, com copos plásticos de cerveja na mão, já bem bebidos, miram-lhe os jeitos e acompanham o som dos batuques, a ganhar coragem para atirar uns piropos.

Poucos passam por ela, indiferentes.

Dança com jeitos africanos, uma dança alucinada, e aquele meneio irradia uma estranha luz própria.

A rapariga que por alí dança parece uma miúda apaixonada.

Enquanto os Guents dy Rincon vão cantando uma linda canção crioula, que se parece qualquer coisa como......

" P'ra quê dinheiro quando podes ter paixão......"

 ...e transportam os transeuntes para Cabo-Verde, a rapariga que dança transpira liberdade.

E quem canta, quem toca, vai lançando sorrisos porque gosta do jeito dela.

Há quem não hesite em juntar-se à festa. São os corajosos que soltam as amarras e se pelam por um bom baile, principalmente com mornas, coladeiras, funanás e mais, muito mais.





Comentários

  1. Há lá coisa melhor que, um fim de tarde na zona da Baixa-Chiado em Lisboa!
    Um passeio, uma conversa de café, um lanche, um Santini, uma ida ao Teatro... recuperando hábitos de outros tempos, um lugar de culto (bem pertinho de Pessoa), onde tudo acontece!
    Um lugar de emoções.

    Adorei a crónica! :))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada.
      Realmente, acho que é um gosto partilhado por muitos.
      Bem melhor que deambular por um shopping até azambuar....lol

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares