Cachopa, se queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita!



Quando me encontrei com o João, ao final do dia, no café ao pé da Sé, estava completamente repassada.

Tinha vindo a fugir da chuva desde a paragem do autocarro.

O cabelo pingava, a camisola de lã agarrada ao corpo tinha-me feito gelar e as sabrinas que trazia calçadas já estavam boas para atirar ao ar.

Assim que o vi a rir, lá ao fundo, todo pimpão, acelerei ainda mais o passo.

- Empregos bons. A trabalhar há duas horas a partir de um café, ao lado de casa e a mulher a correr meia cidade, desde as seis da tarde.
Não há justiça, nem igualdade de sexos.

Não me digas que ainda não sabias, diz-me ele a gozar.

- É pá. Tu não me digas nada. Deixa-me ficar aqui sentada um bocado, para me acalmar. Eu sabia lá do alerta amarelo e do lindo dia que ía ficar. Livra!

Atirei o saco do ginásio, a pasta com a papelada lá do escritório, para onde era possível atirar.

A seguir mandei o esqueleto para cima da mesa e estiquei os braços até ele, para me consolar.

- Pobre pintainho! Pede lá um café quentinho para arrebitares.






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